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Foto do escritorMarcus Nascimento

QUANDO A ESTRUTURA DE LIDERANÇA SE CONTAMINA, TORNA-SE ALVO DA IRA DE DEUS - Is 10.1-4


INTRODUÇÃO:

Quando lemos a partir de Genesis o propósito de Deus em criar uma nação, através da qual viria o Messias, percebemos os passos dados nessa direção. Tudo começou em Abraão como o pai de numerosa descendência, encaminhou esse projeto no seu núcleo familiar, garantindo o nascimento de um filho. De Isaque, o filho da promessa, nasceram dois varões, Esaú e Jacó, sendo o segundo escolhido para levar avante a promessa. De Jacó nasceram os filhos, que representavam a continuidade desse projeto de Deus. Foi pelo nome dos filhos de Jacó, que nomearam as 12 tribos do povo, que atravessou o deserto na libertação do Egito. Assim, a promessa de Deus que começo com uma pessoa, passou para a formação da família com filhos e netos, e, avançando na concretização da promessa, tornam-se a partir dos nomes dos bisnetos de Abraão em tribo. Com o advento da libertação da escravidão no Egito, há um novo status, a saber; agora tornaram-se povo. Era o penúltimo estágio para se tornar em nação e foi exatamente por isso, que Deus criou seus estatutos e leis. Era necessário se torna em nação, mas para isso, precisavam ser ensinados em como agir e em ter sua estrutura de liderança, além da terra para se estabelecer.


Foi nessa perspectiva, que Deus criou a liderança ou estrutura de governo sobre o Seu povo (Sacerdotes e profetas; Reis, Juízes). Ao longo da história de Israel, Deus foi acrescentando o que faltava, a fim de cumprir suas promessas e consolidar sua aliança. Dentre a estrutura de governo sobre o povo, existiu o que chamamos atualmente de judiciário. Contudo, o cenário apresentado por Isaías é totalmente contrário às diretrizes de Deus. Os juízes e seus secretários (escribas) não somente interpretaram a Lei ao seu bel-prazer, mas também, criavam leis, a fim de gerar injustiça e perversidade.


Isaías nos deixa claro, que Deus não ficaria estático e como mero telespectador. Ele agiria com veemência e ordenamento. Havia insistência em continuar em rebelião pela criação de leis, com os resultados esperados de injustiça e perversidade. Entretanto, Deus determina o preço a ser pago, mesmo que a temporalidade não seja definida (não tinha data marcada), mas com a resposta devidamente elaborada e propagada.


Podemos dizer, que Deus agiria em várias frentes com Punição, Encurralamento, Anonimato e Humilhação. E, foi nesse entendimento, que escrevemos esse texto, sem deixar de concluir, que a misericórdia ainda estava estendida aos que se arrependerem.


A PUNIÇÃO:

O profeta inicia o capítulo com a expressão AI! É uma interjeição, que significa para baixo, indicando o resultado da mudança da realidade. É usada especialmente para expressar uma preparação em declarar o julgamento. Isaías estava iniciando com uma expressão severa, de que haverá julgamento e, conforme a realidade ocorreria punição. Assim, o autor aumenta a expressividade do discurso, como se fosse um tic-tac do relógio, indicando o tempo em que Deus vai agir. Certamente, essa intervenção causaria insatisfação nos culpados e muita dor.


O autor nos diz a causa da intervenção de Deus na realidade: leis injustas e escritos jurídicos com perversão.


1.      LEIS INJUSTAS:


As leis em causa não tinham nenhuma relação com as leis de Deus, antes a ideia era criar um campo jurídico de pensar e processar. O que estava por detrás, isto é, na intencionalidade era ficar em pé de igualdade com Deus. Veja, que o espírito de rebelião sempre seguirá o padrão de lucifer.


Isaías diz: eles DECRETAM, isto é, criam legislação e as inscreve, a fim de promulgar e estabelecer como norma a ser seguida, totalmente desarraigada dos ditames de Deus. O que queriam é cortar qualquer conexão com o que já havia sido escrito e inculcarem na mente das pessoas, a fim de conseguir substituir o arcabouço jurídico de Deus. Essas LEIS eram decretos e resoluções oriundas do pensamento dos juízes, produzindo um estado de choque na população e redirecionando sua cosmovisão. Não à toa, o profeta nos diz, que o resultado causado na vida do povo, será problema, tristeza e maldade pela criação dessas leis mentirosas, isto é, INJUSTIÇA.


Mas há sempre auxiliares nessa tarefa, a saber: os ESCRIVÃES, que escrevem produtos que tragam opressão com frases repletas de injustiça. PRESCREVEM é o verbo que o autor usa, para descrever a ação causativa completa, que esses escritos geram em opressão e injustiça. PERVERSIDADES representam os efeitos na vida das pessoas; eram as travessuras causadas nos outros, ou seja, todo o resultado era direcionado para causar problema, que fazia com que as pessoas tivessem trabalho e mais trabalho para se livrarem das situações colocadas por esses escritos.


Percebam o grau de problema gerado no v1, mas também, acompanhe a gravidade gerada pelos propósitos em decretarem leis injustas e escritos perversos. Prejudicarem os Pobres em Juízo, Arrebentarem o Direito dos Aflitos, Despojarem as Viúvas e Roubarem os Órfãos.


PREJUDICAREM OS POBRES EM JUÍZO. A ideia fundamental era empurrar os pobres para o lado, com instrumento acusatório capaz de pervertê-lo ou arrancar uma suposta confissão de delito. Para isso, literalmente, faziam os pobres se inclinarem como que se dobra diante do acusatório. O que queriam mesmo era esticar e inclinar os pobres. Assim, o que era o direito de um julgamento justo, fora retirado do pobre (do que está em situação mais baixa e fraca).


ARREBENTAREM O DIREITO DOS AFLITOS. A ideia aqui é literalmente tomar, arrancar, apreender e roubar o que está no direito legal ou do privilégio devido. Ora, Deus havia instituído as regras de regência sobre a nação e os humildes, aflitos e pobres sempre foram alvo da preocupação e da preservação dos seus direitos. Agora, essas pessoas são oprimidas pelos poderosos. Repare a expressão DO MEU POVO, indicando a designação de Israel.


PARA DESPOJAREM AS VIÚVAS. Sabe a pilhagem privada? Era esse um dos propósitos e recaiu sobre as viúvas, que são indefesas e expostas à opressão e tirania severa. O que o arcabouço jurídico conseguia, era fazer das viúvas suas presas, a fim de arrancar todo espólio e saquear o que elas tinham.


ROUBAREM OS ÓRFÃOS. A intenção era saquear e estragar a vida daqueles que não tinham mais parentes vivos, para o socorrerem na situação. Além, de perderem seus entes queridos, estavam completamente vulneráveis ao ataque devastador do arcabouço jurídico criado para injustiça e perversidade.


2.      O ENCURRALAMENTO DOS MALIGNOS:


Parece que Deus demora a agir e Jesus nos disse isso nos evangelhos. Entretanto, Ele não deixará impune quem comete atrocidades contra seu povo. Vimos isso, inclusive, quando retirou várias nações da terra que deu a Israel (foram centenas de ano para o cálice encher). Não se zomba de Deus em criar meios para destruir seu povo. Ele sempre agirá e o seu agir, revelará sua justiça. Isso indubitavelmente, trará a revelação da sua ira em forma de julgamento. De modo que, Isaías nos diz, que os inimigos de Deus ficarão sem saída para enfrentar ou fugir e serão reduzidos à destruição. Deus é zeloso com o seu povo. Então, surgem as perguntas avassaladoras: Que vos fareis? A quem recorrereis?  Isaías está dizendo diretamente que com Deus não se brinca.


O QUE FAREIS NO DIA DA VISITAÇÃO. Haverá prestação de contas com o cenário definido e as penalidades estabelecidas. Não há nada que os culpados poderão fazer, estabelecer e permanecer, a fim de evitar a punição. Até o presente fizeram do jeito que quiseram e plantaram com colheita injustiça e perversidade, mas a resposta vai chegar. O Dia será uma assembleia geral convocada, a fim de que todos saibam o motivo da punição. Deus pergunta se eles são tão poderosos como se apresentaram ao seu povo. A visitação é sinônimo de punição, ou seja, Deus fará a visita aos injustos e perversos, com a ideia de fazer a supervisão e a reunião com eles. Outra característica dessa visita é a Assolação, ou seja, a visita de Deus fará estrago e ruína aos culpados; essa palavra tem a figura de alguém vindo até a outra pessoa. Imagina a cena, Deus vem em direção dos que promovem injustiça e perversidade, para puni-los pelos seus feitos contra o seu povo.


A QUEM RECORREREIS PARA OBTER SOCORRO. Deus estava perguntando para qual lugar distante eles poderiam ir e entrar, a fim de não ser alcançados pelo juízo de Deus. Além disso, a pergunta é o questionamento de como eles se oporão a Deus. O que o autor nos escreve, é a afirmação que não lugar para fugir ou escapar da presença de Deus; como também, não há quem recorrer para enfrentar a Deus. Não há ajuda, não há assistência e não há socorro.


O que essas duas perguntas, fazem o leitor da bíblia lembrar?


3.      O ANONIMATO COMO CONSEQUÊNCIA:


Enquanto podiam, tornaram-se poderosos, temidos e famosos. Eram respeitados com temor pelo que podiam fazer na vida do povo. Havia medo por todo lado e sofrimento em toda esquina. Pareciam intocáveis e inabaláveis em provocar injustiça e perversidade. Contudo, chegou o dia em que toda essa glória sumirá, simplesmente tudo que construíram desaparecerá. Deus faz a pergunta de consequência depois da sua visitação e pergunta onde ficará a glória deles. Aos olhos, parece que a injustiça e perversidade nunca acabam, inclusive tem o ar de eterno e imutável. Olha-se de um lado para o outro e não há saídas. Porém, Isaías nos diz o contrário.


ONDE DEIXAREIS A VOSSA GLÓRIA. A ideia da pergunta é saber onde eles colocarão a glória conquistada em segurança. Qual é o local de esconderijo e fortaleza? Assim, Deus coloca uma situação diante deles por sua visitação, com questionamento sobre o lugar que deixarão a sua abundância e a riqueza adquirida pelo peso da injustiça e da perversidade. Perderão tudo e viverão naquele momento como os que sofreram em suas mãos.


4.      HUMILHAÇÃO:


O versículo 4, nos mostra uma situação, iniciada pela conjunção que expressa uma negativa expressa, isto é, não há hipótese de não acontecer o que digo. O único refúgio para eles, será entre os cadáveres de um campo de batalha. Serão abatidos, indicando que se curvarão como os que foram tomados na batalha. Em outras palavras, a única certeza é que cairão no campo de batalha. Imagina a cena, anteriormente decidiam morte e vida, liberdade e prisão, agora, estão mortos no campo de batalha, completamente arruinados, vencidos e abandonados, sem que ninguém os reconheça.


CONCLUSÃO:

Isaías nos diz no final do versículo 4, Deus ainda espera por arrependimento dos atos praticados. Tudo tem que estar no pacote do arrependimento, desde a intencionalidade até a execução das ações. Por mais difícil, que aceitemos, Deus ainda estende a mão.

Esse é um relato forte e contundente, que nos faz fazer um paralelo com a Igreja. Pois, Deus também deu à Igreja governança no modelo de Cristo. De modo que, é urgente perguntar se o exercício da liderança da Igreja tem gerado injustiça e perversidade? Estamos cada dia mais autónomos e buscando glória?


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