INTRODUÇÃO:
Esse é um capítulo recheado de situações profundas na vida de Jesus e contemplá-lo no exercício da sua missão e ministério, nos dá imenso entendimento em como passar por tudo sem perder a essência e descampar para o labirinto do rancor, da mágoa e dos sentimentos devastadores da alma. Ao conviver com opositores, que procuram as formas de desconstruir sua pessoa, Ele tem as respostas certas, firmes e desafiadoras, que levam, mesmo sem vontade, aos opositores de repensar e não ter outra atitude, senão de permanecerem no seu estado de pecado, porque diante da verdade que há em Cristo, não poderiam permanecer do mesmo jeito.
Os opositores eram judeus, que se consideravam filhos legítimos de Abraão e incluídos na promessa. Portanto, achavam ser conhecedores de Deus e podiam com isso, lançar ao rosto de Jesus as palavras proferidas nesse encontro. É um diálogo recheado de palavras duras e vis desferidas contra o Filho de Deus.
Logo de início, Jesus não duvida do pertencimento à árvore genealógica de Abraão. Mas, ter nascido em Israel, não garante o principal motivo de ser considerado filho de Abraão, que é o estilo de vida compatível com o de Abraão. A interpretação do solo estava correta (nasceram no território de Israel) e estavam seminalmente em Abraão. Porém, os requisitos da mesma fé de Abraão, não era correta e nem coerente e os deixava seminalmente fora da mesma fé de Abraão.
Como a verdade que há em Cristo cria alvoroço, o encontro começou a se tornar ríspido demais. É a dinamite do evangelho de Cristo elucidando a realidade. Assim, começaram a ofender, insinuando que Jesus era filho de prostituta (8.9) e que tinha demónios (8.48), até chegarem ao clímax de quererem matá-lo (8.37,59).
Toda ação gera reação. De modo que Jesus não se deixou intimidar com as palavras e nem com as ameaças. Quem sabe quem é e o que está a fazer, não cria medo e nem dúvidas sobre si mesmo, diante de ameaças de que lado for. Era necessário serem libertos do pecado e da dura realidade que não eram filhos de Abraão, mas do diabo. Esse tipo de afirmação, não gera agenda para pregar nas “igrejas” e faz perder membros (assim pensa a liderança atual).
Até aqui, tudo era reversível, porque arrependimento mudaria a direção do pensamento das ações dos adversários para seguidores e, por conseguinte, estariam compatíveis com Abraão e seriam seus filhos por genealogia e por fé. Contudo, a frase de Jesus para eles é devastadora, porque demonstra o estado de dureza e rebelião do interior de cada um sobre as palavras de Jesus. Nesse sentido, a situação ficou irreversível. E foi isso, que o evangelista João nos escreve no versículo 37.
BEM SEI QUE SOIS DESCENDÊNCIA DE ABRAÃO; CONTUDO, PROCURAIS MATAR-ME, PORQUE A MINHA PALAVRA NÃO ENTRA EM VÓS.
O primeiro verbo (SEI), Jesus faz lembrar aos judeus, que ele lembrava da origem genealógica deles. Era como se dissesse, que ação (Abraão gerou Isaque) lá no passado não mudou por causa do tempo e nem da incredulidade. Estava chamando a atenção dos judeus para algo que ele estava atento, que considerava, que percebia e que apreciava. Ele não estava colocando em dúvida a etnia e a sua origem. Ele estava mentalmente vendo, que eram sementes de Abraão, mas somente no tocante a árvore genealógica, isto é, Abraão é judeu assim como vocês são. Essa ideia é corroborada pelo uso do verbo no tempo perfeito, a fim de assegurar, que a ação no passado tem o estado resultante no presente.
Em seguida, Jesus usa prossegue seu pensamento, utilizando a conjunção (que), para introduzir um discurso direto, sem arrodeios e parábolas, mas centrado no que queria expressar naquele encontro com os judeus. São afirmativas diretas, que soam como uma bomba no entendimento dos judeus:
1. Existencialmente, ele concorda com a afirmação dos judeus e confirma com o sonoro verbo (EU SEI). Significa dizer, que ele sabe que tipo de árvore genealógica eles pertencem.
2. De fato, são descendência, raça, posteridade e filhos de Abraão. Quanto a isso, não dúvida.
Agora, ele usa uma conjunção adversativa forte, para indicar o que realmente eles são. Sem medo ou receio de magoar ao ouvinte. Apenas, quer colocar as coisas em ordem e não os deixar enganados com o falso entendimento de que é suficiente ser descendência de Abraão.
1. PROCURAIS. O autor usa o verbo no tempo presente, a fim de mostrar a continuidade e repetitividade da vontade dos judeus. Eles fazem procura investigativa contínua, para chegarem a uma resolução. Desejam repetidamente pesquisar, a fim de chegar ao mais profundo sobre esse assunto. Exigem uma busca por decisão do que fazer com Jesus. Todo o pensamento dos judeus era assassinar a Jesus e isso ocupava seu coração.
2. MATAR. A maior realização daqueles judeus era efetuar ou causar a morte de Jesus. Eles queriam a todo o momento e de toda maneira, tirar Jesus do caminho. Afinal, ele era uma pedra de tropeço e suas palavras eram sempre contra a eles. Essa era a missão e o sentido da vida. Cada enfrentamento com Jesus causava perda de credibilidade e status diante da população, porque a verdade do que eram, estava sendo revelada em cada palavra proferida por Jesus durante seu ministério.
Como alguém direto e didático, Jesus continua seu raciocínio, criando conexão com que dissera na frase anterior e diretamente diz a causa desse desejo contínuo de tentar matá-lo, mediante um discurso dirigido e pensado. Assim, toda a discussão anterior (cap 8), refletirá a realidade a ser dita agora por Jesus. Eles eram opositores da causa, isto é, eram contrários à pessoa e à obra de Cristo. Verdadeiros inimigos de Cristo.
1. O autor coloca na cena do discurso, o artigo definido (A), com a finalidade de conceituar ou comunicar o status do conceito. A ideia aqui era conceituar e identificar o motivo pelo qual eles queriam matá-lo. Com esse artigo, o texto nos diz a definição, a identidade e o conceito do que vem a seguir.
2. MINHA. Começa a avançar o texto, mas com todo cuidado, a fim de dar a exata ciência do que Jesus estava dizendo no seu discurso. De modo que, o autor usa o pronome possessivo, a fim de mostrar a procedência daqueles que eles estavam rejeitando. Aqui o pronome indicava, que a palavra não era somente pertencente, mas também era procedente dele.
3. PALAVRA. Os judeus não consideravam seu discurso e seu pensar, porque não consideravam sua instrução e discurso como de um mestre. Eles rejeitaram cada palavra, discurso e enunciado de Jesus. Nada do que fora contemplada na ideia, declaração e discurso, servia para eles. Era a rejeição de tudo e em todo momento. Não servia para instrução, nem para correção e nem como regência na vida.
4. Agora, Jesus finaliza com o verbo (ENTRA). O uso do verbo indicava uma constatação por experiência em observar a conduta deles. Em todo o confronto, Jesus sempre procurou ensiná-los a verdade, tanto no equívoco de que pensavam sobre si mesmo, quanto no que afirmavam ser Jesus. Entretanto, não aceitaram sob nenhuma hipótese mudar de pensamento, ainda que alguns creram nele (v30). É nesse contexto, que Jesus liga o alerta para eles, no afã de repensarem sobre todas essas coisas. Porém, esse verbo decreta a realidade da atitude dos judeus. Esse verbo fala de uma ação contínua, repetitiva e permanente dentro deles, de modo verdadeiro e certo, fazendo-os protagonistas da sua própria decisão.
Nesse duro encontro com esses judeus, Jesus dssez com todas as letras e abertamente, sem nenhuma parábola. Vocês não abrem espaço e nem tem espaço disponível dentro de vocês, para abraçarem o mais importante (serem filhos com a mesma fé de Abraão) e, não somente, o mais urgente (serem filhos naturais de Abraão). Lançou mão de um verbo da cultura agrícola, onde se abre as valas, a fim de receberem a semente, para afirmar, que não há lugar dentro deles (preposição EM), para que a palavra possa ser semeada e o motivo principal é que há outra semente. Assim, a semente (palavra de Cristo) não pode ser plantada, a fim de dar o seu fruto e ser colhida.
DESTAQUES:
1. a pergunta que não quer calar é: Será se essa fala de Jesus, se aplica somente aos judeus daquele diálogo?
2. Tenho visto e ouvido muita coisa no que chamam de ministério e penso que alguma coisa aconteceu, porque o ensino é confuso e absolutamente manipulador das escrituras.
3. Me pergunto, se a intenção de alguns ministérios não é a mesma dos judeus? Pois, se matarem o dono das palavras, também matarão as palavras. E o que sobrará? O homem falando de si para quem deseja ouvir.
4. O apóstolo João escreveu no seu evangelho esse encontro de Jesus com os judeus, inspirado pelo Espírito Santo, e tenho absoluta certeza, que o verbo SEI ainda está pertinente nos dias de hoje.
5. Não é possível, que o povo que diz ser de Deus e habitado pelo Espírito Santo, não tenha mais lugar para a palavra de Cristo, cuja verdade foi dele mesmo que ouvimos e fomos ensinados no dia que foi pregado o evangelho da verdade (Ef 4.21).
6. Cristo nos exortou a examinar as escrituras, com toda diligência e obediência mental. Ele queria que os judeus fizessem a mesma coisa e observassem a falácia das suas convicções e o que estavam afirmando publicamente. Ele fez um choque de realidade para analisarem suas vidas e convicções. Eles responderam com um sonoro NÃO! Não se mexeram do lugar e não aceitaram as palavras de Jesus. Foram repreendidos de todas as formas, mas não aceitaram a correção.
7. É absolutamente incompreensível, que irmãos não aceitem ser corrigidos, quando seus ensinos estão errados à luz do ensino da bíblia, especialmente do novo testamento.
8. A Igreja vive pela palavra e testemunho de Cristo, e não, pela invencionice dos homens. É imperativo e urgente deixar Cristo semear sua palavra dentro de nós.
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