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Foto do escritorMarcus Nascimento

O Homem Cheio do Espírito Santo concorda com Deus

Como entender o método de Deus? Jesus o entendeu completamente em Lc 10 e ensinou aos seus discípulos como replicá-lo, sem invencionice, mas repleto do entendimento de concordância com o Pai.


É salutar dizer, que ao construir essa ideia, Lucas descreve no seu evangelho a Jesus, mostrando como homem cheio do Espírito Santo, desde sua concepção [...descerá sobre ti o Espírito Santo... Lc 1.35], passando pelo batismo [e o Espírito Santo desceu sobre ele. Lc 3.22] e tentação [E Jesus, cheio do Espírito Santo...Lc 4.1) até chegar nesse ponto, onde sua vida no Espírito o faz concordar com o Pai, no tocante a sua escolha pelos simples [...se alegrou Jesus no Espírito Santo...Lc 10.21].


O contexto é o envio de setenta discípulos às cidades e lugares, para apregoarem a vinda do reino de Deus, ensinando-os como se portar diante dos homens (10.2-8, 10,12) e o conteúdo da mensagem (10.9,19,20). Não há menor dúvida, que ele os capacitou para tal missão e esteve acompanhando-os em cada passo, dando-lhes cobertura no enfrentamento implicado na missão [...eu via satanás...10.18].


Após explicar o resultado da missão aos setenta discípulos, ele se dirige ao Pai, para declarar a sua conclusão de que faria o mesmo que o Pai fez, isto é, de ter revelado o mistério do seu Reino a esse grupo de pessoas maravilhadas, porque viram a manifestação do poder do reino diante do físico e do espiritual [...até os demônios se nos sujeitam… 10.17]. Assim, surge o v21 para nosso esclarecimento, que Jesus está alinhado com o Pai nas ideias, nos propósitos, no reconhecimento e na vontade, explicitado da seguinte forma:


Jesus tem alegria pela decisão do Pai. Percebe-se pelo texto, que veio do seu interior cheio do Espírito Santo. Quando ele vê tudo o que aconteceu durante a execução da missão, o sentimento de alegria transborda. É a satisfação profunda dos efeitos da missão na vida dos agentes (os discípulos) e dos beneficiados (as pessoas); como também, de saber que tudo foi planejado pelo Pai, incluindo os resultados. A decisão de revelar o reino de Deus somente aos simples, fez Jesus gerar em si mesmo a felicidade pelo entendimento recebido, pela vontade do Pai estar sendo cumprida e por andar e viver na dimensão do Espírito Santo. Essa alegria não é fruto do exercício mental do homem natural, mas do homem espiritual, claramente descrito pela presença da preposição EM, indicando a presença do Espírito na pessoa dele, atuando aonde Jesus vive e age.


Diante disso, o Filho mostra, que tem unidade com o Pai, usando a expressão Graças te Dou, aludindo sua concordância com Pai e, mais, que Ele faria a mesma coisa. A ideia dessa unidade entre Eles é continua e sem a ideia de tempo final de conclusão, somando a voz média do verbo para declarar, que ele reconhece o benefício alcançado. Além disso, Ele guardou segredo ou ocultou dos ditos sábios (capacidade de explicar verdade humana à vida das pessoas) e dos inteligentes (capazes de compreensão, percepção e critérios usando a mente); e, porque revelou (retirou a tampa, tornou manifesto) às criancinhas (pessoas simples, ingênuas e sem conhecimento). Esse é o fator causativo de reflexão e declaração de Jesus sobre a concordância com o método do Pai.


Em seguida, Ele reconhece que a decisão pela escolha dos simples, é fruto da vontade do Pai. Esse entendimento causou nele a convicção de estar fazendo o certo e de poder ver a manifestação completamente inteligível dessa vontade. A ideia textual nos mostra, que essa vontade em revelar o reino de Deus aos simples não havia vindo à tona, mas pela missão dada e seus resultados o Pai trouxe a existência. Jesus não concebia nada fora do eixo da realização da vontade de Deus, tanto no tocante a ver a manifestação dela quanto de interpretar as coisas com base nela.  


Quando compreendemos a ideia central do texto, seguimos na direção de aplicar na vida e gerar em nós a mesma experiência de Jesus:


O HOMEM ESPIRITUAL COMPREENDE A VONTADE DO PAI.

Fomos habitados pelo Espírito Santo, quando ouvimos o evangelho da salvação, a palavra da verdade e cremos nele, recebemos a ação do Pai de sermos selados com o seu Espírito. De modo que, essa habitação nos proporcionará a compreensão de tudo o que envolve a vontade de Deus, porque o Espírito que habita dentro de nós perscruta e compreende plenamente a vontade do Pai, devidamente fundamentada na sua palavra e na aplicação dela nosso relacionamento com Ele.


É necessário dizer, que somente o Espírito Santo está autorizado a revelar a verdade que há em Cristo, incluindo o que Jesus ensinou sobre o Pai. Nenhum outro ser espiritual tem essa autorização. Lembrando, que foi o próprio Jesus quem afirmou isso, principalmente no evangelho de João. Assim, no entendimento de Jesus não há ensino e compreensão da revelação do reino do Pai, tendo outra entidade espiritual como guia ou mestre, porque somente o Espírito Santo foi autorizado para essa atividade, uma vez que, a sua essência é divina (veio da parte do Pai e é o Espírito de Cristo) e sua função foi determinada por aquele que foi autorizado a tornar público toda a revelação do Pai.


A ATITUDE DO HOMEM ESPIRITUAL DIANTE DA REVELAÇÃO DA VONTADE DO PAI É DE SIMPLICIDADE.

Não podemos receber a revelação como senhores e nem como servos, mas como alguém que não detém e nem é suficiente para compreendê-la. Notemos a humildade do Senhor Jesus Cristo, ele não atribui a si mesmo a compreensão da vontade de Deus, mas ao fato de viver na dimensão do Espírito Santo; ele não traz para si o mérito de comissionar os setenta, mas a escolha sendo feita pelo Pai. Finalmente, ele não reverencia a si mesmo pela manifestação do poder de Deus no enfrentamento dos setenta com a realidade que eles vão se deparar, mas sim ao fato que a origem desse poder está no Pai. Simplicidade é a marca registada do homem cheio do Espírito Santo e Jesus não foi diferente. E se somos os seguidores de Jesus, deveremos fazer o mesmo que ele fez. De modo que, precisamos acabar com o culto à personalidade como se a compreensão da palavra de Deus e a manifestação de poder, originasse em nós mesmos pela nossa capacidade humana de sabedoria e inteligência.


O HOMEM ESPIRITUAL ENTENDE, QUE NÃO É O PAI QUEM CONCORDA CONOSCO, MAS NÓS QUEM CONCORDAMOS COM O PAI.

O entendimento de Jesus é gritante! O Pai não se molda a nós e, por conseguinte, não damos ordem ou manipulamos a Ele quer por orações ou por desempenho na obra. A sua revelação é que norteia a nossa conduta, porque o homem cheio do Espírito Santo não somente concorda nos lábios, mas afirma que caso estivesse no lugar de Deus faria do mesmo jeito que Ele fez, visto que o método não tem erro e reflete completamente a única forma correta de revelar sua vontade.


O HOMEM CHEIO DO ESPÍRITO SANTO PERCEBE, QUE SEGUIR A CRISTO É PENSAR COMO CRISTO.

Ele dá a direção, para vivermos harmonicamente com Deus. Ele é a luz debaixo da qual podemos viver a plenitude da humanidade e termos um relacionamento saudável e correto com Deus. Ele não abandona os seus liderados diante das adversidades, pelo contrário, não somente está presente em todos os momentos, mas também, compreende os motivos do enfrentamento com a realidade apresentada; além de saber que ele mesmo ainda irá nesses mesmos lugares, que eles foram. Ele ensina todos os passos e espera pelos resultados, consciente de que tudo o que precisariam, foi dado, para viver e realizar a missão. Ele é o que envia, mas também é o que recebe seus comandados de volta, disposto a ouvi-los e analisar a impressão deles sobre o que fizeram e o que se depararam. Como bom mestre ele corrige os erros de interpretação e dá direção de continuidade e significado do que fizeram.


O HOMEM CHEIO DO ESPÍRITO SANTO CONCORDA, QUE A MISSÃO NÃO É MAIOR DO QUE COMPREENDER O SIGNIFICADO DELA.

Para Jesus, foi à vontade do Pai que tornou possível não somente o fazer, mas também, o ambiente para realizar. Sem o Pai tornar conhecida a sua vontade de dar aos simples o entendimento sobre o seu reino, não teria significado a nossa comissão e o uso do poder inerente do reino do Pai. O significado da missão é mais importante do que o ir, porque ela gera a ação. Então, temos de focar no entendimento de tudo que envolve a vontade revelada do Pai. Temos de entender o significado de tudo o que fazemos pelo reino, porque não há nenhum ordenamento alheio à compreensão do significado. Portanto, o homem cheio do Espírito Santo se baseia no significado da missão conferida a ele dentro das escrituras, especialmente no novo testamento. Quando enviou os setenta sabia o que estava fazendo, quando eles retornaram sabia que era a vontade do Pai revelada.


O HOMEM CHEIO DO ESPÍRITO SANTO SUBMETE-SE A VERDADE, QUE O PAI É PROPOSITIVO.

Jesus sabia que ele faz tudo com propósito definido e a função do Espírito Santo era fazer entender o seu significado. Talvez seja um dos nossos problemas, atribuir ao Espírito Santo manifestações desprovidas de significado. Notemos que o homem cheio do Espírito Santo, percebeu o resultado da missão, isto é, o que fizeram foi compreendido no Espírito. O mistério foi revelado!


CONCLUSÃO:

Procurei ser o mais conciso possível, com a intenção de alertar para a tentativa de criar métodos de evangelização ou ação da Igreja, que seja discrepante do princípio fundamental: tudo tem que estar em concordância com a vontade de Deus. Por isso, deveríamos nos concentrar no que recebemos pelo Espírito Santo sobre o que Jesus fez e ensinou, porque Ele é a prova cabal do homem cheio do Espírito Santo, uma vez que, concordou sempre com o Pai.


REFERÊNCIAS:


CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo:Hagnos,2008.

GRINGRICH, F. Léxico do Novo Testamento Grego/Português. São Paulo: Vida Nova,2007.

LADD, George. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos,2003.

MARSHALL, I. Teologia do Novo Testamento: diversos testamentos, um só evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2007.

RADMACHER, Earl. O Novo Comentário Bíblico do Novo Testamento: ALLEN, Ronald; HOUSE, Wayne. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010.

ROBERTSON, A. Comentário de Lucas: à luz do novo testamento grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.

ROBINSON, Eduard. Léxico Grego do Novo Testamento. Rio de Janeiro, CPAD, 2012.

SOARES, Ezequias. Gramática prática do Grego. São Paulo: Hagnos, 2011.

TAYLOR, W. Introdução ao Estudo do Novo Testamento Grego – gramática. São Paulo: Editora batista Regular, 2014.

WALLACE, Daniel. Gramática Grega: uma sintaxe exegética do Novo Testamento. São Paulo: Editora Batista Regular, 2009.


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