No capítulo 2, Isaías faz um relato sobre o contraste de viver com e sem Deus. Ele nos mostra todos os elementos causativos na vida do povo de Deus, retirando qualquer dúvida sobre o estado a ser experimentado nas duas situações. Assim, ele conclama ao povo, a fim de que tenha a exata percepção dos acontecimentos e mais uma vez diz claramente ao mesmo povo, que Deus trabalha pela sua aliança firmada com Israel.
É fato, que nos perguntamos o motivo pelo qual coisas acontecem conosco e, queremos imputar a culpa em qualquer tipo de interpretação, que nos deixam com a consciência tranquila.
Assim, Isaías nos mostra os dois contrastes e inica o capítulo com a afirmação de que tudo o que iniciara a falar, procedeu da visão que teve. Igualmente, identifica a quem suas palavras serão direcionadas. Concomitante, inicia pela declaração escatológica sobre as coisas que acontecerão nos últimos dias. Contudo, traz seu pensamento ao presente, a fim de que seus leitores entendam o desdobramento das consequências de rebelião contra Deus. Para ele, o momento escatológico será a grande redenção do povo de Israel e seu papel junto às nações.
Agora, seu foco está em elucidar ao povo, o que acontece na prática com quem quer viver com Deus e com quem não quer viver com Ele.
O POVO É EXORTADO A VIVER COM DEUS:
No verso 5, Isaias exorta ao povo para duas coisas básicas, utilizando dois verbos no modo Imperfeito, a fim de enfatizar a ação contínua, repetitiva e que na presente era não será plenamente atingida, por isso o uso desse modo.
1. VINDE – a ideia aqui é de se aproximar ou se chegar a Deus. A forma da aproximação estava revelada na Torá. O povo tinha o conhecimento da instrumentalidade para esse relacionamento. Precisava ser despertado a adquirir a necessidade de viver com Deus. Aqui o foco estava no estilo de vida voltado a conviver, de forma que, era a definição do estado de Ir e Vir do povo.
2. ANDEMOS – no caso desse verbo, ele exprimia o desejo, a intenção, o encorajamento ao povo, a fim de ter a determinação de realizar a ação verbal de andar na luz do Senhor. Se tinha algo para estar na mente do povo, era o desejo de andar com o Deus que é luz. Assim, a área de atividade do povo seria definida pelo relacionamento com o seu Deus, que é a própria luz para andarem no meio das nações, que andavam em trevas.
3. A aceitação dos ouvintes da exortação feita pelo profeta, traria dividendos incalculáveis na vida. Então, ele passa a identificar os desdobramentos: no vv10-11, quem anda na luz do Senhor, não precisará se esconder da presença espantosa e da glória da sua majestade. V19, o povo não precisará passar pelo assombro que a terra irá passar.
4. Observe, que Isaías está despertando o entendimento do povo. Buscando diligentemente conscientizar das maravilhosas bênçãos de viver com Deus. É um apelo para o arrependimento, que conduz a nova direção. Prima por ensinar, que o sentido existencial do presente e da escatologia é viver na luz de Deus e escapar do que vai acontecer no futuro.
A SITUAÇÃO DE QUEM NÃO VIVE NA LUZ DO SENHOR:
No v6, o profeta esclarece a realidade delicada de causalidade pelo fato de abandonar a luz do Senhor. Não há arrodeios, visando não usar palavras duras, que possam ferir os ouvidos do povo. Ele mostra o motivo pelo qual Deus, desamparou o seu povo e não imputa em Deus a culpa, antes esclarece a conduta que culminou na ação de Deus.
1. DEUS DESAMPAROU – a ideia verbal é de que Deus saiu de perto do povo, deixando-o para trás, dando o aval permissivo para o que aconteceu. Não era impotência de Deus em evitar o que havia ocorrido com Israel, mas a atitude consciente e necessária de fazer seu povo passar pelas adversidades. Afinal, motivos não faltaram para a ação descritiva do verbo. E, como Deus, sempre elucida o que seu povo experimenta, Ele revelou a Isaías, que transmitiu ao povo claramente de forma inteligível.
2. ESTÃO CHEIOS – a mensagem da visão era compreensível, porque era direta e sucinta. O profeta afirmou que o povo estava realizado, preenchido e completos em usar os costumes do passado. O que estava sendo dito era: algo influenciava a vida do povo e não era a palavra de Deus. Preferiram ser orientados por costumes rejeitados por Deus, permanecendo em rebelião constate e rejeitando qualquer ensino proveniente dos mandamentos, estatutos e feitos de Deus no meio do seu povo. O mais grave era o fato de que o ensino do passado (modo de vida das nações) saciava a alma desse povo.
3. SE ASSOCIARAM – a assimilação ocorrida com os estranhos (não participavam da aliança), fez o povo literalmente bater palmas de aprovação. Essa prática era suficientemente aprovada pelo povo, mesmo que Deus desaprovasse. Chegaram a barganhar por essa associação. Isaías estava dizendo que isso causou o desamparo de Deus pelo povo.
4. Por todo capítulo, o profeta denuncia os efeitos na vida do povo, escancarando a feitiçaria, o amor desenfreado pelo dinheiro que não era fruto das bênçãos de Deus, a idolatria(v8), a soberba e altivez.
O QUE PODEMOS DESTACAR:
1. Nos dois testamentos, somos exortados a viver na luz. Como povo escolhido por Deus, não podemos renunciar esse fato. O estilo de vida precisa ser o gerador dessa luz, porque há abundante ensino sobre esse assunto. Recebemos a vida do Pai em Cristo, a fim de que ela seja patente aos olhos dos que não conhecem a Cristo. Se renunciarmos essa verdade, Deus igualmente nos desamparará, porque o modelo de vivência com Ele já foi estabelecido nas Escrituras na dimensão da pessoa e obra de Cristo.
2. As pessoas sem Cristo não são os nossos influenciadores. O que nos forma para vivermos com Deus, é a sua revelação completa e verbalizada nas páginas das escrituras. A nós, é exortado o fato de não copilarmos o estilo de vida dos outros gentios sem Cristo. Rejeitar o ensino das Escrituras, expressa nosso estado de rebelião contra Deus e a passividade de receber as devidas correções.
3. Finalmente, usufruir da presença de Deus, deveria ser o que nos completa. Não esqueçamos, que fomos feitos o lugar onde sua glória resplandece, confirmando sua presença nos seus filhos em Cristo.
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